Foto: Antonio Rodrigues
O Diário do Nordeste teve acesso ao documento assinado no último dia 7 de outubro, por seis promotores de Justiça, dentre eles membros do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc). Nos próximos dias as defesas devem apresentar suas alegações finais e, em seguida, a Justiça decidirá se pronunciará ou não os acusados.
Nos memoriais finais, o MP apresenta fatos apontando os porquês os militares devem ser condenados pelos homicídios em Milagres. Em um dos fatos, os promotores expõem que identificaram por meio de imagens o momento em que a equipe de José Azevedo, o Capitão Azevedo, efetua disparos em direção a cinco reféns que estavam atrás de um poste, na calçada de uma agência bancária.
De acordo com o órgão, os disparos aconteceram "quando a situação já estava completamente controlada e dominada pela Polícia, ou seja, não havia mais ameaças concretas, inclusive não havia mais assaltantes vivos na cena do crime".
MORTES E FRAUDE PROCESSUAL
Em outro fato, os promotores destacam o laudo de comparação balística, no qual foi possível determinar o calibre dos projéteis retirados dos corpos de algumas das vítimas.
A perícia concluiu que os projéteis se tratavam todos do calibre 5.56x45, "exatamente o calibre dos fuzis utilizados pela equipe, conforme lista de armamento manuseado pelos policiais militares e apresentada ao comando da Polícia Militar do Estado do Ceará".
Já os acusados Leandro Vidal, Fabrício de Lima, Alex Rodrigues, Daciel Simplício, José Marcelo, João Paulo, José Anderson e Sérgio Almeida teriam matado duas vítimas assaltantes.
O MP ainda aponta que Georges Aubert e Abraão Sampaio "cometeram o crime de fraude processual, ao modificarem a cena dos homicídios praticados e retirarem os corpos das vítimas do local onde foram alvejadas".
VÍTIMAS
As vítimas foram feitas reféns por assaltantes na rodovia federal BR-116, durante uma tentativa de assalto a agências bancárias. O caso aconteceu na madrugada do dia 7 de dezembro de 2018. A tragédia aconteceu no momento em que a maioria dos criminosos já tinha sido abatida e os outros fugiram.
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) em 26 de abril de 2019, os policiais militares agiram de maneira imprudente, negligente e sem a cautela necessária quando atiraram contra os reféns, que tentavam se proteger por trás de postes.
A Justiça recebeu a denúncia no dia 20 de maio de 2019. A instrução criminal começou com a designação da primeira audiência, que aconteceu em 13 de maio de 2023, quando foram ouvidas testemunhas. No último dia 15 de junho foram interrogados os acusados.
Um dos denunciados era Diego Oliveira Martins, que morreu no decorrer do processo e a Justiça declarou extinta a punibilidade neste caso.
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