A África do Sul, um dos países do mundo mais afetados pelo HIV, começa a testar um novo método de prevenção contra o vírus com um anel vaginal que libera um medicamento antirretroviral, anunciou nesta sexta-feira (29) o Fundo Global de combate à aids.
Três organizações envolvidas no combate ao vírus no país encomendaram 16 mil anéis que devem ser disponibilizados em alguns meses. Inspirado nos modelos utilizados para a contracepção feminina, o item libera progressivamente um antirretroviral, a dapivirina, e deve ser trocado a cada mês. O dispositivo foi aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Testes clínicos recentes mostraram que o anel permite reduzir em 35% o risco de soroconversão (passar de soronegativo para soropositivo).
"Estamos convencidos de que este novo anel pode ter um impacto revolucionário na prevenção do HIV", o vírus da imunodeficiência humana que destrói as defesas imunológicas e provoca a doença, explica em um comunicado o diretor do fundo, Peter Sands.
Profilaxia de Pré-Exposição (PrEP)
O anel é uma alternativa a outros tratamentos preventivos, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que revolucionou o combate ao vírus da aids nos últimos anos. Este tratamento implica tomar um comprimido diário ou receber uma injeção mensal, um método que não é necessariamente adaptável para todas as pessoas, explicam as organizações de prevenção sul-africanas.
"As mulheres precisam de acesso a uma série de soluções seguras e eficazes, incluindo o anel de dapivirina, para que possam adotar a mais conveniente", disse Ntombenhle Mkhize, presidente da Fundação de Combate à Aids no país sul-africano.
Em 2023, mulheres e adolescentes representaram 53% das infecções no mundo, segundo o Unaids, programa da ONU que trabalha para criar soluções e ajudar as nações no combate à doença.
A África do Sul tem 13,7% de soropositivos, uma das maiores taxas do mundo de pessoas infectadas com HIV. Mais de 5,4 milhões de uma estimativa de 8,2 milhões de pessoas infectadas tomam antirretrovirais. O país tem um dos programas de tratamento do HIV mais importantes do mundo, o que permitiu reduzir consideravelmente a mortalidade.
"Esperamos que mais países sigam os passos da África do Sul", disse Peter Sands. O dispositivo também foi aprovado e está em fase de estudos para uso em Uganda, Quênia e Zimbábue.
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